Mobilidade

Já conduzimos o novo Mégane E-Tech altamente tecnológico e eficiente

Autonomia até 470 km, Google a bordo e a possibilidade de ser 95% reciclado são pontos fortes
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Após 25 anos de mercado e quatro gerações, o Mégane surge agora em configuração totalmente elétrica e renova de forma imperial o seu estatuto na Renault. Ambição e argumentos não lhe faltam. Mas não te iludas, este Mégane não substitui a atual geração, o E-Tech será apenas e só totalmente elétrico.

O novo modelo possui um desenho disruptivo que começa desde logo na estreia do novo logotipo “Nouvel R” que é a nova imagem da marca francesa. Mas, mais do que a estética, é a componente tecnológica que marca a diferença.

Sinal disso mesmo são as mais de 300 novas patentes que a marca registou com este modelo. Estas patentes protegem a inovação que foi aplicada ao motor, ao sistema de carregamento, às baterias, à gestão do calor, à arquitetura da nova plataforma e à acústica.

Por outro lado, pormenores como as luzes traseiras com micro-óticas LED, puxadores de porta embutidos de abertura automática e grelha fechada são amplificadores de um conceito que a Renault apelida de “sensual-tech” e demonstram a aposta na tecnologia.

Preocupação ambiental em alta

A Renault fez uma aposta muito forte em termos ecológicos com este novo produto com todos os estofos e vários plásticos, produzidos a partir de materiais 100% reciclados. O painel de instrumentos, na versão de entrada, recorre a acabamentos têxteis de origem sustentável e o nível mais elevado tem apenas pele sintética TEP.

Mesmo as versões com aplicações em madeira, recorrem aos painéis Nuo, um novo composto produzido a partir de madeira verdadeira, colada em algodão utilizando um adesivo ecológico.

Também as baterias estão pensadas para poder ser reutilizadas, com as peças compostas a serem novamente utilizadas noutros fins industriais (a marca tem uma fábrica em Flins, França, para esse efeito).

Energia para durar

O Mégane E-TECH estreia uma nova plataforma modular, denominada CMF-EV, desenhada especificamente para proporcionar o melhor comportamento possível a um veículo elétrico. A bateria, disponível em bloco de oito módulos de 40 kWh, ou, bloco de 12 módulos/24 células com 60 kWh, é bastante fina (têm apenas 110 milímetros de espessura). Tem garantia de oito anos ou 160 mil kms.

A motorização disponível recorre a um motor elétrico, disponível em duas versões, 96 kW ou 160 kW (130 ou 220 cavalos de potência) e é muito compacto e leve (apenas 145 Kg). Em termos de comparação esta unidade é mais fina 40% e mais leve 10% do que o equivalente no Zoe. Os engenheiros conseguiram alcançar este feito com uma nova composição química das baterias de iões de lítio NMC (Níquel, Manganês e Cobalto), oriundas da LG.

O condutor, têm à disposição quatro níveis de travagem regenerativa possível de controlar através de duas patilhas no volante. Com este sistema sempre que se levanta o pé do acelerador é possível recuperar energia cinética e alimentar a bateria, poupando os travões.

Consumos e autonomia

O novo Mégane E-Tech elétrico tem uma autonomia estimada entre os 300 e 470 km, de acordo com o carregamento e versão considerada. Os consumos de acordo com a norma europeia WLTP ficam entre 15,5 e 16,1 kWh/100 km.

O carregamento pode ser feito até 22 kW em casa ou até 130 kW em carregadores rápidos de rua DC. O tempo de carregamento varia entre as 1h15 em carregador rápido de 130 kW (exterior), 3h10 em carregador 22W (trifásica a 32A, interior) até 6h17 também em carregador de 7,4 kW (monofásico, interior). Simplificando, o novo Mégane num carregador de 130 kW passa a ser um dos mais rápidos do mercado.

A partir do verão os utilizadores poderão aceder a uma tarifa especial da rede Ionity, disponível em toda a Europa ou podem inclusive carregar num concessionário da marca absolutamente grátis. Não menos importante é a capacidade instalada de poder alimentar a rede energética graças à tecnologia V2G (vehicle to grid: veículo para rede)

Google e muito mais a bordo

Um ecrã multimédia (9 ou 12 polegadas) é a base de todo o sistema de infoentretenimento a bordo. Chama-se OpenR e pretende ser um sistema “open” (aberto) com atualizações “Firmware over the air” (tecnologia FOTA de atualização remota).

O sistema operativo desenvolvido pela Google é baseado no Android Automotive OS, inclui Google Assistant, Google Map e Google Play. Para além disso é ainda possível ter um conjunto de aplicações, como o youtube (mas não utilizável em modo de vídeo se estiveres a conduzir).

A bordo, nas versões topo de gama, conta-se também com um inovador sistema de som integrado desenvolvido pela Harman Kardon, com potência total de 410 W, 9 canais de áudio, incluindo subwoofer na bagageira.

A opinião

No primeiro contacto conduzimos a versão base de equipamento, com a motorização de 160 kW e bateria de 60 kWh, num trajeto entre Málaga e Marbella. O percurso era profícuo em fortes subidas e várias sequências de curvas, por entre vales da Andaluzia.

A eficácia do chassis e o baixo peso do conjunto permitem desfrutar de um comportamento que até se pode considerar divertido. Se o aspeto do carro parece quase um SUV, não é bem esse o comportamento que irá ter. É mais previsível e mais eficaz.

Adoramos o sistema de regeneração de energia. Em descidas acentuadas não foi necessário praticamente utilizar o travão e, mesmo conduzindo algo depressa, bastava levantar o pé de forma doseada para que o sistema “travasse” o carro regenerando energia. Outra vantagem? Ao final de algumas curvas até já utilizava o sistema como forma de preparar a saída da curva com mais velocidade. Calma, não é um desportivo.

Ainda assim terminámos o teste com uma média de 16,8 kWh/100 km, o que é excelente tendo em conta que 25% do trajeto foi realizado sem qualquer preocupação de poupança.

O Mégane E-Tech é um compêndio de tecnologia, muito interessante o Google a bordo, mas a palavra de apreço final tem de ir não para o que se vê, mas para o que sente. A elevada preocupação com a redução de peso e volume de todos os materiais (bateria incluída), o facto de vários materiais serem produzidos ou a partir de elementos reciclados, ou de origem sustentável, é um ponto a assinalar.

Mais, responsáveis da marca no local asseguraram que cerca de 95% do Mégane E-Tech poderá ser reciclado no final do seu ciclo de vida. É um passo de gigante e é um sinal de esperança, quer para o setor, quer para a marca.

O novo Renault Mégane E-Tech 100% elétrico estará disponível a partir de 36 mil euros e tem encomendas disponíveis a partir de maio/junho com entregas a partir de setembro.

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