Mobilidade

À conversa com o Diretor Geral da Dacia Portugal sobre o futuro da marca

Numa altura de renovação de imagem e aposta em versões híbridas e elétricas, ficámos a saber que haverá novidades sobre o Duster para 2024
Texto
Dacia Duster (Foto: divulgação)
Dacia Duster (Foto: divulgação)

A Dacia é uma marca de origem romena, adquirida em 1999 pelos franceses do Grupo Renault com o objetivo de oferecer mobilidade para todos com tudo o que é essencial. Ao final destes anos, a ideia mantém-se, apesar das várias mudanças.

Atualmente, a marca está a passar por uma fase de transformação de imagem e está a apostar em novas motorizações eletrificadas. No plano da Dacia estão perspetivados novos modelos, assim como novidades nos modelos já existentes, como acontece com o Duster.

No âmbito da apresentação dos resultados comerciais de 2022 e do futuro da marca, falámos com o Diretor Geral da Dacia Portugal, José Pedro Neves.

Dacia - AWAY
José Pedro Neves, Diretor Geral da Dacia Portugal

AWAY: Tendo em conta que o Dacia Spring foi o 5º elétrico mais vendido em Portugal em 2022, quais são as perspetivas para este modelo em 2023?

José Pedro Neves (JPN): Por um lado, vamos ter mais disponibilidade de produto, de modo a satisfazer todos os pedidos dos clientes, por outro iremos ter um Spring Cargo, um projeto interessante para empresas. Teremos também o lançamento do Spring Extreme com muitas vantagens para os clientes. A perspetiva é que o Spring faça o dobro das vendas de 2022.

AWAY: Têm ambição de chegar mais alto na tabela destronando, por exemplo, o Peugeot e-2008?

JPN: Nós não estamos a competir com a Peugeot [risos]. Nós competimos contra nós próprios e sobretudo queremos estar alinhados com a visão da marca em democratizar a mobilidade e em democratizar o elétrico. O Spring é um automóvel muito eficiente.

Dacia Spring - AWAY
Dacia Spring

AWAY: A demora na entrega de componentes tem sido um entrave na venda de automóveis no geral. O Spring sofreu desse problema?

JPN: Todos os elétricos têm sofrido um pouco mais com os materiais das baterias, é um problema transversal, mas o Spring tem tido mais dificuldade que os outros modelos.

AWAY: Qual a perspetiva para 2023, em relação a este problema?

JPN: Ter uma disponibilidade de mais 50% de produto.

AWAY: Há planos para novos modelos Dacia 100% elétricos e híbridos?

JPN: Sim, mas não posso revelar.

AWAY: Para a marca e no que diz respeito ao mercado português, qual a importância de ter veículos com estas características na gama?

JPN: A Dacia quer estar muito focada nos clientes particulares e na missão de ser uma marca que é uma solução de mobilidade para todos, quer através de motorizações elétricas, híbridas ou térmicas. A aposta é responder às necessidades dos clientes.

Dacia Duster - AWAY
Dacia Duster

AWAY: O Dacia Duster é um sucesso de vendas e há muito que se fala em versões híbridas ou 100% elétricas. Vamos poder contar com isso?

JPN: Não posso revelar. O novo Duster vai trazer algumas surpresas nessas matérias que serão anunciadas no último trimestre do ano. A sua comercialização iniciará, provavelmente, no segundo trimestre de 2024.

AWAY: Quais são as perspetivas de vendas para o Jogger híbrido? Pode vir a ser o Jogger com mais procura?

JPN: Não por causa da fiscalidade portuguesa. O ISV (Imposto Sobre Veículos) aplicado ao Jogger híbrido é 10 vezes maior do que na versão a gasolina e sobre esta diferença ainda há o IVA. Penso que haverá todo um interesse por parte do governo em rever a fórmula de cálculo para os híbridos. Não antevemos um grande sucesso, apesar do bom preço do carro, mas esta questão da fiscalidade é extremamente penalizadora. É um grande entrave.

Dacia Jogger - AWAY
Dacia Jogger

AWAY: A Citroën está a lançar um C3 elétrico no mercado indiano que eventualmente pode vir a ser lançado na Europa, onde iria rivalizar com o Spring. Essa é uma preocupação?

JPN: Não sei se o C3 está no segmento do Spring que é o segmento A. Não conheço propriamente os detalhes do carro, portanto não posso falar sobre isso.

AWAY: Entre as várias motorizações disponíveis nos modelos Dacia, como acha que vai ser a distribuição de vendas em 2023?

JPN: Penso que os elétricos vão continuar a subir tendencialmente, muito através do mercado das empresas, porque para os particulares estes automóveis tornam-se difíceis pelo seu preço. Os híbridos sem ser plug-in são a escolha, por enquanto, mais racional. No caso da Dacia, vamos crescer nas vendas das versões com GPL.

Dacia - AWAY
José Pedro Neves, Diretor Geral da Dacia Portugal

AWAY: Na sua opinião continuará a haver espaço para o GPL no futuro?

JPN: Eu acho que é uma solução que vai ter o seu espaço no motor térmico. A prova disso é o sucesso em Itália, Espanha, França e não só na marca Dacia. O bi-fuel com GPL é uma ótima solução para as empresas, pela dedução do IVA, assim como para a substituição do clássico Diesel.

AWAY: A Dacia está a passar por uma renovação de imagem. Acredita que esta nova identidade vai conseguir cativar outro tipo de clientes, inclusive da Renault?

JPN: O objetivo do grupo não é canibalizar os clientes da Renault. Estamos a conquistar muitos clientes novos, como os que adquiriam carros usados ou importados e os que se calhar compravam Renault e outras marcas para as quais agora não têm poder de compra. Sobretudo, assistimos a gerações mais novas a escolher-nos, atraídas pelos valores que oferecemos, nesta relação “best value for money” que consideramos imbatível no mercado.

AWAY: E sobre novos modelos Dacia? Pode revelar-nos o que está para vir?

JPN: Sim, a partir de 2024 teremos muitas novidades, mas não podemos revelar nada de concreto porque ainda não há certezas finais sobre os produtos.

(Fotos: divulgação)

Continuar a ler
Descobre o teu mundo.
Recebe a nossa newsletter semanal.
Home
Bolt já fez mais de 600 mil quilómetros com animais a bordo em Portugal
Radares da PSP: vê onde vão estar na próxima semana de 22 a 28 de abril
Mundo vive branqueamento em massa de corais pela segunda vez em 10 anos