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Projeto procura facilitar aprendizagem de sistemas de condução autónoma

Algoritmos de sistemas de inteligência artificial dos veículos não se adapta às mudanças. Parceria internacional pretende mudar isso
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AI Delta Learning (foto: divulgação)
AI Delta Learning (foto: divulgação)

Com a rede viária e todo um planeta em constante mudança rumo a uma nova era, os sistemas de condução autónoma e de inteligência artificial dos automóveis têm de ser programados de raiz vezes sem conta. Mas com o projeto AI Delta Learning, este poderá ser um problema bastante minimizado ou mesmo resolvido.

Um sinal de STOP, em Portugal, é vermelho com uma moldura branca, um formato hexagonal e as letras STOP a branco no centro, certo? Certíssimo. Mas há países em que não é assim. No Japão, por exemplo, o sinal de STOP é mais parecido com o nosso sinal de perda de prioridade. Na China, há um carater em vez das letras e, na Argélia, podemos encontrar a palma da mão em vez das habituais letras STOP. Para um condutor comum, bastam dois ou três cruzamentos para que se habitue rapidamente. No entanto, para um sistema de inteligência artificial não é tão fácil. Todas estas pequenas diferenças fazem com que o desenvolvimento da condução autónoma seja cada vez mais demorado.

Estradas (foto: Denys Nevozhai/Unsplash)

Com o projeto AI Delta Learning, a indústria automóvel está a trabalhar em conjunto numa solução para este problema, que passa por desenvolver um sistema de forma seletiva, que requer apenas alterações a coisas que sejam diferentes em determinada altura. Usando o exemplo do comunicado, no futuro, o objetivo é que o sistema do carro se baseie numa instrução semelhante a “tudo permanece na mesma, exceto o sinal de STOP”.

Para que tudo isto seja criado da melhor forma e funcione na perfeição, é obrigatório um trabalho de equipa e é justamente por isso que, neste projeto, estão envolvidos fabricantes como a BMW, a Mercedes-Benz e a Porsche, mas também marcas como o Bosch ou a Cariad, bem como nove universidades. Entre estas, destaque para a Universidade Técnica de Berlin e para a Universidade de Estugarda.

Mobilidade autónoma (foto: divulgação)

Além do sinal de STOP, os sistemas de condução autónoma ainda não se conseguem adaptar automaticamente a situações diferentes daquelas em que foram treinados. Ou seja, se foi programado quando estava sol, então se chover, pode não reconhecer a zona por causa dos reflexos. O sistema também não se adapta automaticamente ao que sai da norma, como por exemplo, mudar a direção de condução da direita para a esquerda, como acontece em Inglaterra, ou até os diferentes formatos que os sinais luminosos podem ter de país para país.

Outra questão que tem grande impacto nos sistemas de condução autónoma é a mudança de câmaras ou sensores instalados no carro. Se de repente as câmaras têm melhor resolução, é necessário fazer correr milhares de imagens para que o sistema consiga reconhecer determinado objeto, mas com mais resolução. O mesmo acontece se se mudar ligeiramente a localização dos sensores no carro. Uma pequena mudança que pode parecer quase inócua, pode obrigar a uma reprogramação total.

Inteligência artificial (foto: divulgação)

Atualmente, o que acontece é que sempre que um sistema tem de aprender algo novo, é obrigatório “ensinar” tudo desde o início. Numa analogia simples, é como se um aluno, sempre que aprendesse uma palavra nova, tivesse de ler um dicionário inteiro.

O projeto da AI Delta Learning está focado em criar uma solução em que seja possível ensinar ao algoritmo apenas o que muda, conhecido na ciência como o “Delta”. Para tal, está neste momento a testar uma cadeia de aprendizagem, em que dois modelos de inteligência artificial aprendem um com o outro.

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