Durante décadas, os habitantes da Califórnia, nos Estados Unidos, tiveram fortes incentivos para a instalação de painéis solares na cobertura das suas casas. Para além da poupança gerada com o autoconsumo, o excesso de energia produzida foi vendido à rede a um preço superior ao que é pago pelos consumidores.
Mas agora tudo vai mudar. Os reguladores locais querem inverter esta lógica e determinaram que vão pagar um valor bem mais baixo pela energia excedentária. E porquê?
De acordo com a Reuters os reguladores de serviços públicos energéticos locais (CPUC no original) decidiram que a renda (o valor que os proprietários irão receber pela energia que fornecem à rede) irá baixar, mas que esta medida irá permitir que os proprietários mantenham os rendimentos associados aos painéis solares.
A CPUC diz que só os ricos têm beneficiado desta medida, porque são eles que podem instalar painéis solares e por isso mesmo é altura de reduzir o valor e utilizar a verba em outras ações que permitam combater as alterações climáticas ou incentivar comunidades de produção.
Mas os críticos desta decisão (tomada em dezembro de 2022) dizem que retirar este incentivo vai afastar muitas pessoas de optarem por instalar painéis solares e, por isso mesmo, significará um retrocesso no combate às alterações climáticas.
A nova política, proposta pela primeira vez no mês passado, altera a chamada política de "medição líquida" e entrará em vigor no primeiro semestre deste ano (2023).
A CPUC assegura que irão existir novos créditos para sistemas emparelhados com baterias que permitem que as residências mantenham o excesso de energia armazenada quando a procura é baixa e, em seguida, alimentá-lo na rede após o anoitecer, quando os recursos de energia solar param de produzir, mas a procura mantêm-se em alta.
De acordo com os reguladores isto irá ajudaria a estabilizar a rede da Califórnia, mantendo a confiança durante sua ambiciosa transição para longe dos combustíveis fósseis, disse o CPUC, citada pela Reuters.
Esta decisão poderá ter impacto em outros estados norte-americanos porque a Califórnia costuma ser o “barómetro” das decisões relacionadas com o clima.