Quase 12 anos depois do desastre de Fukushima, o Japão informou que se prepara para libertar no oceano as águas da central nuclear. Este anúncio levou a que o Fórum das Ilhas do Pacífico (PIF na sigla em inglês) pedisse ao país que adiasse a ação por medo do impacto que estas águas possam ter nos animais marinhos.
O Japão pretende despejar mais de um milhão de toneladas de água da central nuclear de Fukushima entre a primavera e o verão. Esta água já terá sido tratada em abril de 2021 e vai ser filtrada antes de despejada para remover a maioria dos isótopos, sendo expectável que não seja possível limpá-la completamente.
Um dos argumentos usados pelas nações para que o Japão adie a libertação da água é o impacto que esta pode ter nas pescas, um dos principais motores da economia local, já que é no Pacífico que é pescado cerca de metade do atum consumido a nível mundial.
É de salientar que a radiação se movimenta na água com as correntes e marés e pode contaminar o peixe.
Citado pela Reuters, o secretário geral do PIF, Henry Puna, salienta que a região quer que a descarga apenas seja feita depois de todas as partes verificarem que esta água da central nuclear de Fukushima é de facto segura.
As nações do Pacífico ainda hoje têm de lidar com os impactos de vários testes nucleares que ocorreram durante o século XX e que provocaram contaminação . Nos anos 1940 e 1950, os Estados Unidos fizeram testes nucleares nas ilhas do Pacífico, e entre 1966 e 1996 foi a vez de França conduzir testes atómicos na Polinésia Francesa.
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O painel de cientistas do PIF salienta que não há dados ou informação suficiente para apoiar a libertação da água com possíveis resíduos.
Apesar das ilhas estarem contra, um porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos referiu que a decisão tomada pelo Japão de libertar as águas de Fukushima vai ao encontro dos padrões de segurança nuclear aceites a nível mundial, cita a Reuters.