Energia

Google e Chevron investem 244 milhões de euros em startup de fusão nuclear

Energia nuclear é potencialmente mais limpa e pode ser geradora de maiores quantidades de energia. Será a solução para a descarbonização?
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O aquecimento global é cada vez mais um problema evidente e a pesquisa por novas formas de produzir energia limpa estão na ordem do dia. É assim que cada vez mais se fala em energia nuclear. Mas será a solução?

TAE Technologies, uma startup que está a desenvolver novos processos de energia de fusão nuclear, acaba de receber da Google e da Chevron um investimento de 250 milhões de dólares (244 milhões de euros), alcançando assim em poucos meses uma almofada financeira de 1,2 biliões de dólares (1,17 mil milhões de euros).

Para além do gigante americano do mundo digital detido pela Alphabet e da petrolífera californiana (que aqui entra no investimento através da Chevron Technology Ventures – dedicada a investimentos em energias alternativas), também a japonesa Sumitomo Corporation of Americas investiu forte nesta empresa nascida em 1998.

A fusão nuclear é a energia que alimenta as estrelas, como o Sol, mas tem sido difícil de controlar na Terra, apesar de décadas de tentativas.

O projeto da TAE, localizado na Califórnia (EUA), tem mostrado forte potencial e estabilidade. Em comunicado a empresa refere já ter atingindo temperaturas de 75 milhões de graus Celsius com o seu reator de fusão nuclear.

Dispositivo de fusão nuclear (Foto: TAE Technologies)

Ao contrário do projeto ITER francês que surge em forma de “donut”, a infraestrutura da TAE está montada de forma longitudinal. Para além disso os especialistas da TAE recorrem ao hidrogénio verde.

A TAE ainda terá de resolver problemas relacionados com estabilidade e altas temperaturas, mas tem como objetivo fornecer energia por fusão nuclear à rede de abastecimento a partir de 2030.

Diferença entre fusão e fissão nuclear

A fusão nuclear tem sido apontada ao longo dos anos como a solução perfeita para revolucionar a produção de energia limpa. Isto porque na teoria poderá produzir energia verde sem quaisquer emissões nocivas ao ambiente ou criação de resíduos radioativos como ocorre com a energia nuclear por fissão.

Tanto a fusão nuclear como a fissão nuclear são processos de geração de energia a nível atómico e libertam enormes quantidades de energia. A fissão envolve a divisão de um único núcleo atómico, geralmente mais pesado e instável. A fusão nuclear, reverte este processo e combina dois ou mais átomos leves para “gerar” um terceiro átomo de maior dimensão.

O elemento mais utilizado na fissão nuclear é o urânio, e é por isso que ouves a expressão “enriquecimento por urânio” quando se fala de energia atómica. A energia elétrica proveniente da produção nuclear, de uma forma simplista, é gerada pelo movimento das turbinas que são alimentadas pelas altas temperaturas do vapor gerado pela reação atómica.

Mas tudo isto é ainda bastante controverso, até pela utilização do "nuclear" em dispositivos militares.

Problemas ambientais da energia nuclear

A principal vantagem da energia nuclear obtida por fissão é a não utilização de combustíveis fósseis. Ou seja, não lança na atmosfera gases tóxicos responsáveis pelo aumento do efeito de estufa.

No entanto há a geração de “lixo radioativo” e, esse sim, tem problemas ambientais que ainda urge resolver. E há ainda o problema da radiação, a partir de determinada concentração, ser mortífera para os seres vivos como se viu nos desastres ecológicos em Fukushima ou Chernobyl.

Já no que respeita à fusão nuclear o processo não produz lixo nuclear, mas, até hoje, ainda não foi possível massificar a sua utilização.

A construção e manutenção das centrais nucleares é muito dispendiosa o que tem condicionado alguns projetos. É por isso com muita expetativa que se espera a chegada da tecnologia da TAE ao mercado.

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