Com as reservas de gás natural em risco e o fornecimento russo em vias de deixar de ser uma opção, a Alemanha tem um grave problema energético para resolver já no final deste verão.
RWE, um dos maiores operadores energéticos alemães anunciou que a solução, no imediato, terá de passar por uma maior queima de carvão (será utilizado maioritariamente o lignito, uma espécie de turfa comprimida), para suprimir a necessidade emergente de aquecimento que o rigoroso inverno germânico provoca.
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Michael Muller, CEO da RWE em declarações à imprensa norte-americana afirmou que apesar desta decisão “isto não irá alterar a nossa estratégia de sermos neutros em carbono até 2040”.
Greenpeace já veio a público contestar e em nota divulgada afirma que “esta é a forma mais suja e mais poluente de produzir energia”. A associação ambiental de âmbito mundial recorda que o lignito, um tipo de carvão de baixa qualidade e mais “pobre” é muito fraco em termos caloríficos e irá obrigar a uma queima ainda mais maciça para obter energia.
Rússia era o maior fornecedor de petróleo e gás natural à União Europeia, e particularmente à Alemanha, em 2021. Com a invasão e Guerra na Ucrânia e consequentes sanções, o abastecimento de gás natural é neste momento uma das maiores preocupações dos países do centro/leste da Europa, que têm invernos mais rigorosos.
De acordo com a Bloomberg, o plano da RWE irá incluir a reativação de três unidades de produção de energia que recorrem à queima do carvão.
Há poucos dias o chanceler alemão, Olaf Scholz, em declarações reproduzidas pela Reuters, pediu a construção de um gasoduto desde Portugal até à Europa Central e que atravesse Espanha e França, para diminuir a dependência energética de gás russo.