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Serão os SUV os maiores responsáveis pelo aumento das emissões?

Pode o carro mais desejado no mundo ser o pior para o ambiente?
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Gama SUV da Tata, imagem ilustrativa (foto: divulgação)
Gama SUV da Tata, imagem ilustrativa (foto: divulgação)

Dados da Agência Internacional de Energia (IEA), publicados no primeiro trimestre deste ano, revelam que no ano passado os SUV (Sports Utility Vehicles) representaram cerca de metade dos veículos vendidos em todo o mundo, com particular enfoque no mercado norte-americano, centro asiático e europeu.

A IEA estima que existem atualmente em circulação em todo o planeta cerca de 330 milhões de SUV, rapidamente a tornar-se o tipo de carro cada vez mais popular no mundo, o que poderá representar a emissão de mil milhões de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera em apenas um ano.

Para termos ideia do que isto representa, e de acordo com dados da Climate Consulting/Selectra, se os SUV tivessem todos concentrados em apenas um país e fossem a única fonte de emissões, esse país ocuparia a 6ª posição no ranking dos países mais poluentes do mundo, apenas atrás de Japão, Rússia, Índia, Estados Unidos e China (o mais poluente).

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Os SUV são neste momento dos modelos mais pretendidos em todo o mundo (foto: Arquivo AWAY)

Mas a questão até poderia ser simples de resolver, se partirmos do princípio de que, estritamente em circulação, os veículos elétricos (SUV incluídos) não emitem CO2 e por isso a solução seria uma rápida transição. Ou talvez não propriamente…

Dados da plataforma Statista revelam que em 2023 a venda de automóveis a nível mundial pode alcançar os 70,2 milhões de veículos e depois de um crescimento de 60% em 2022, a IEA refere que os veículos elétricos poderão atingir os 14 milhões de unidades vendidas.

Foste fazendo as contas? Os elétricos não estão a compensar as vendas dos SUV “não” elétricos.

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Emissões de CO2 por país (dados: Selectra)

SUV versus veículos compactos

O maior problema associado a um SUV equipado com um motor de combustão tradicional prende-se com o facto de, em média, este emitir entre 14% a 20% mais de emissões do que um veículo compacto médio com idêntica motorização.

Este valor foi apurado num estudo realizado pelo Comité Britânico para as Alterações Climáticas, mas pode ser relativamente fácil de adaptar à realidade de toda a Europa. No caso dos Estados Unidos, e pelo facto de em regra existirem motorizações maiores, este valor deve subir de forma significativa.

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Mesmo os SUV elétricos tem uma pegada ambiental superior aos equivalentes modelos compactos (foto: Arquivo AWAY)

Mesmo os SUV elétricos têm uma questão associada, uma vez que sendo um carro maior é mais pesado e significa maior quantidade de recursos, nomeadamente baterias maiores…

A Greenpeace e outras associações ambientalistas, têm vindo ainda a relembram uma outra questão. É que os SUV são maiores, mais pesados, consomem mais (seja combustível fóssil, seja energia elétrica) e ocupam mais espaço nas cidades (ver os parques estacionamento nos Estados Unidos da América por exemplo), ou seja, tudo aquilo que não queremos ver associado à sustentabilidade.

Deixam ainda no ar a ideia de que fazer algo contra a proliferação de SUV é uma questão que praticamente não se coloca aos construtores automóveis. O SUV é o formato mais apreciado no mundo inteiro e é onde a indústria, aparentemente, obtém maior rentabilidade.

 

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