Opinião
João Barros Oliveira
Nascido em Lisboa, em 1977, fez formação superior em Ciências da Comunicação e em Marketing. Esteve ligado a vários projetos editoriais na área automóvel enquanto jornalista e editor, para depois se dedicar por inteiro ao Marketing e à Gestão de Marcas em agências de comunicação e publicidade de renome. Adora SUP de ondas e desde criança que não perde um Grande Prémio de F1.

No Natal, como no resto do ano, o planeta suplica-nos para que façamos algo

Perante o apelo ao consumismo, tão próprio da quadra natalícia, é tempo de tomar atitudes. Cada um de nós pode iniciar ou dar continuidade a uma transformação
Texto
Crónica de Natal de João Barros Oliveira
Crónica de Natal de João Barros Oliveira

É Natal! Época em que, inevitavelmente, andamos numa correria para surpreender as pessoas de quem mais gostamos com o melhor presente. E em que somos bombardeados com apelos ao consumo de toda a ordem. Como se o Mundo fosse acabar e tivéssemos de comprar tudo o que nos aparece à frente, para outros ou para nós próprios, antes que esgote. A verdade é que não temos. Afinal, como é comum dizer-se, o Natal não é quando um Homem quiser?

É certo que nesta altura do ano a carteira anda um pouco mais recheada e, por isso, temos tendência para ser um pouco mais gastadores. O subsídio de Natal, criado nos longínquos anos 70 do século passado, ainda no Estado Novo, serve para isso mesmo. Tal não significa, porém, que não façamos prevalecer a boa consciência. Ou melhor, a boa consciência ambiental.

Não pretendo aqui advogar qualquer tipo de fundamentalismo ecossistémico. Não sou partidário de extremismos ou populismos, nem tão pouco considero que acrescentem qualquer coisa de positivo à sociedade. Mas a verdade é que, no que à preservação do ambiente diz respeito, já é altura de abrirmos os olhos. O planeta grita, suplica-nos para que o façamos.

Tomar medidas verdadeiramente transformadoras? Implementar ações que invertam a tendência destrutiva que se verifica? Ah, isso são responsabilidades dos governos, das indústrias, de quem tem poder para o fazer, diremos a maior parte de nós. Sim, é um facto.

São os grandes decisores, quer a nível local, quer a nível global, que possuem os instrumentos com que podem ser operadas as grandes mudanças a nível climático. Mas não nos podemos deixar ficar por aí. Não podemos apenas deixar entregue a outros aquilo que queremos ver modificado nas nossas vidas. Cada um de nós, mesmo com pequenas ações, pode iniciar ou dar continuidade a uma transformação.

Há coisa de um mês, dei por mim, novamente, a olhar para um móvel que já tinha admirado vezes sem conta. Estava guardado num sótão, numa casa de família. É pequeno, não dá para guardar grande coisa, nem tem nada de especial. Mas eu achava-lhe piada. Depois de removido todo o pó e algumas teias de aranha e efetuado um pequeno restauro, deveria ficar lindo. Era a minha convicção. Daí que pus mãos à obra. Efetuei todos esses passos e agora posso dizê-lo com certeza: o móvel é mesmo bonito.

Aproveitei que tinha um amplificador e um gira-discos antigos (este a precisar apenas de substituir a agulha), guardados por não saber onde os colocar, e fiz o “match” perfeito. Coloquei-os em cima do dito móvel (mesmo à medida) e, finalmente esta semana, o conjunto passou a decorar a minha sala. Não imagina a quantidade de vezes que já me pus a contemplá-lo. Só a observar a sua beleza. O sistema de som não tem a sofisticação e muito menos a versatilidade de uma boa coluna portátil, que hoje podemos encontrar numa loja. Mas tem outros atributos. Intangíveis.

Este pequeno projeto de restauro deixou-me com duas certezas. Que muitas vezes não é preciso mais do que aquilo que já temos e que é (mesmo) possível obter satisfação a partir de pequenas coisas. Por isso, deixo-lhe aqui um apelo, em nome da defesa do ambiente. Neste Natal, resista ao consumismo e ajude a poupar recursos. Restaure, reutilize, recicle. E, já agora, aproveite para pensar em novas formas de mobilidade. Se todos e cada um de nós fizermos a nossa parte, certamente viveremos melhor e deixaremos um melhor legado para as gerações vindouras.

João Barros Oliveira escreve esta crónica a convite da AWAY Magazine.

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