É ou não o etanol à base de milho um combustível amigo do ambiente? De acordo com um novo estudo que analisa a sua utilização em conjunto com a tradicional gasolina, uma mistura que tem sido amplamente usada em particular nos Estados Unidos, o etanol produzido a partir daquele cereal pode, afinal, produzir mais emissões de carbono do que se julgava.
A investigação publicada pela National Academy of Sciences e liderada por Tyler Lark, cientista na Universidade de Wisconsin-Madison, indica que o etanol à base de milho é um combustível bem mais poluente do que a própria gasolina.
Um facto que não deixa de ser paradoxal, uma vez que o U.S. Renewable Fuel Standard (Padrão de Combustível Renovável) obriga a que os biocombustíveis substituam parcialmente os combustíveis obtidos a partir do petróleo, sendo que o etanol de milho preenche praticamente toda essa quota.
Serão os biocombustíveis uma solução mais ecológica?
As novas descobertas concluem que é provável que o etanol de milho produzido para cumprimento da legislação americana, criada em 2007 no sentido de mitigar as alterações climáticas, seja responsável pela emissão de, pelo menos, mais 24% de carbono do que a gasolina.
Tal deve-se, essencialmente, às emissões resultantes de alterações no uso da terra para cultivar milho, juntamente com o seu processamento e respetiva combustão.
Numa publicação da Universidade de Wisconsin-Madison, pode ler-se que os resultados do estudo “confirmam o que muitos cientistas já perceberam: de um ponto de vista climático e ambiental, o etanol de milho não é uma boa solução para os biocombustíveis”.
O estudo desenvolvido pela universidade americana indica que a promulgação da norma sobre combustíveis renováveis fez subir o preço do milho em 30% e que a área de cultivo nos EUA se expandiu 8,7%, passando a cobrir mais 28 mil km2.
Este crescimento tem sido acompanhado pela utilização de mais fertilizantes (3% a 8% por ano), maior degradação da qualidade da água (aumento de 3 a 5% na lixiviação de nitratos e escoamento de fósforo) e mais emissões de carbono atribuíveis a alterações no uso do solo.
Do lado oposto da questão, ou seja, entre partes envolvidas na defesa do etanol, o estudo agora conhecido analisa apenas dados escolhidos de forma criteriosa. Citado pela agência Reuters, Geoff Cooper, presidente executivo da Renewable Fuels Association classifica-o mesmo de “completamente fictício e erróneo”.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos alinha pelo mesmo diapasão e conclui que a emissão de carbono produzida pelo etanol é 39 por cento inferior à da gasolina, em parte devido à captura de carbono associado à plantação de novas terras de cultivo.