Energia

Coreia do Norte lança míssil com combustível sólido. O que é isto?

Combustível sólido, no que consiste e quais as aplicações desta inovação
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Míssil ICBM norte-coreano com combustível sólido (foto: Lee Jin-man/AP)
Míssil ICBM norte-coreano com combustível sólido (foto: Lee Jin-man/AP)

A Coreia do Norte anunciou o lançamento de um novo tipo de míssil intercontinenal balístico (ICBM na sigla em inglês) que alegadamente utiliza um combustível sólido o que poderá ser um avanço tecnológico impressionante. Infelizmente, neste caso, não deverá ser utilizado em nada de bom.

Fontes oficiais da Coreia do Sul, em alerta após este teste do vizinho do norte (ocorrido a 13 de abril), referem que o míssil foi lançado algures a norte da capital Pyongyang e, após cerca de mil quilómetros de voo, caiu na água entre a península coreana e o mar do Japão, conforme noticiado pela Associated Press.

Este poderia ser apenas mais um perigoso e desafiador teste de um ICBM, mas desta vez vários especialistas apontam dois avanços que podem ser importantes: o míssil aparenta ser mais difícil de ser detetado e poderá ter usado um novo tipo de combustível sólido.

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O lançamento do míssil norte-coreano foi revelado pela televisão (foto: Lee Jin-man/AP)

O que é o combustível sólido?

Quando se fala em combustíveis sólidos talvez a primeira coisa que vêm à cabeça são os tradicionais: lenha, carvão mineral e alguns tipos de biomassa. Mas aqui a história é bem diferente.

No entanto, para os mais entendidos ou mais atentos isto nem deverá ser propriamente uma novidade absoluta. A Agência Espacial Norte Americana (NASA) tem vindo a desenvolver um tipo de combustível sólido que já é utilizado em foguetões, especialmente em sistemas de retorno de engenhos à Terra.

Do propulente (combustível para foguetões) que a NASA utiliza há mais de 20 anos pode ler-se na informação pública que resulta numa espécie de oxidante e alumínio em pó (semelhante ao que se usa, por exemplo, como papel de alumínio das cozinhas), ou seja, num combustível misturado com oxigénio e um produto químico chamado de perclorato de amónia. Tem utilização, asseguram, exclusivamente científica.

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Teste com combustível sólido em 1997 para o projeto Pathfinder/Marte (foto: NASA/DR)

Mas do propulente norte-coreano nada se sabe, exceto que em 2019 o governo de Kim Jong-un já anunciava a intenção de usar esta tecnologia e a ser verdade que a domina poderá representar mais um problema de segurança para a zona.

Quais as vantagens do combustível sólido?

Se por um lado na componente espacial há vantagens do ponto de vista do armazenamento no espaço, já na componente bélica a uma resposta não é agradável. Um ICBM que possua combustível sólido poderá ser deslocado desde a fábrica onde é produzido para qualquer localização sem necessidade de ter combustível para abastecer nesse local. Alegadamente, torna-o mais estável e imprevisível para os potenciais inimigos.

Mas há mais. É que desta forma também não é possível saber com alguma antecedência quando esse míssil será lançado já que não são necessários procedimentos de abastecimento. E isto é um problema quando quem detém o míssil elege parte do ocidente (e em particular os EUA como um inimigo).

E não, não há notícias que um dia se possa utilizar alguma espécie de combustível sólido em automóveis, se é que isso faria alguma espécie de sentido…

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