Energia

Vamos todos circular com combustíveis sintéticos? Se calhar não…

A Comissão Europeia cedeu às pressões e permite a circulação de carros a combustão em 2035 mas com uma condição
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Combustíveis sintéticos, mais ecológicos ou e-Fuel. Sabes o que são? Pois bem, parecem ser a salvação dos carros com motores a combustão a partir de 2035. Mas nem tudo é pacífico e a história pode não ser assim tão simples, como a AWAY foi explicar ao programa de informação Esta Manhã da TVI (vídeo acima)

Depois de vários meses de impasse a União Europeia chegou a um acordo para proibir em definitivo a venda de veículos novos movidos a motor de combustão, alimentados a gasolina ou gasóleo, mas deixou uma exceção: combustível sintético.

Ou seja. A partir de 2035 está proibida a venda de veículos novos com motor de combustão a não ser que sejam movidos com combustível sintético. E a União Europeia quer incluir veículos pesados e de mercadorias a breve prazo.

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Combustíveis sintéticos poderão "salvar" motores de combustão (foto: Arquivo AWAY)

A pressão veio essencialmente da Alemanha e da Itália que queriam que a lei europeia permitisse a introdução justamente de uma “emenda” que permitisse a continuidade em circulação de milhares de carros a combustão. E compreende-se já que existem marcas (em particular de desportivos) cujos carros mantêm-se em circulação com mais de 4 ou 5 décadas de existência, como a Porsche ou Ferrari.

A razão parece simples. Se em 2035 deixarem de ser vendidos veículos a combustão, as energéticas deixam de ter razão para investir em postos de combustível e milhares deles poderiam fechar.

Surge assim o combustível sintético que irá permitir que carros novos com motor de combustão circulem, mas, igualmente importante, irá permitir que milhões de carros atualmente em circulação possam ter uma alternativa ecológica.

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Os combustíveis sintéticos ainda terão que passar por alguma investigação (fotomontagem)

Qual o problema dos combustíveis sintéticos?

No entanto, atualmente, a produção de combustíveis sintéticos é complexa. Para obter um combustível sintético recorre-se a um processo de separação do hidrogénio do oxigénio, através de eletrólise da água e depois combinado com dióxido de carbono (CO2) captado da atmosfera. Desta forma o produto final tem propriedades similares aos atuais combustíveis.

Problemas? Muitos. A captura de CO2 ainda não é um processo fácil ou sequer barato. Além disso o processo atual nem garante que as restantes partículas nocivas ao ambiente possam, de facto, ser eliminadas.

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A Porsche tem parceria numa fábrica de combustíveis sintéticos no México (foto: Porsche)

Pior. Estimativas de várias associações ambientalistas dizem que a preços atuais o combustível sintético custaria acima de 2 euros por litro ou cerca de 200 euros para atestar um depósito.

Com isto fica a dúvida: se não é mais barato de produzir, se não é mais barato para o utilizador e se não existe (até à data) evidência científica que os veículos que o utilizem emitam zero emissões, para que serve?

Dica importante. Os países que mais pressionaram a União Europeia foram a Alemanha e a Itália. Com eleições e pressão interna há quem opine que talvez tudo isto seja uma vez mais política.

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