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Carros a hidrogénio, como funcionam? Podem ser o futuro?

Será que o hidrogénio conseguirá vingar face aos carros elétricos convencionais?
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Carros a hidrogénio, uma solução?
Carros a hidrogénio, uma solução?

Os carros movidos a hidrogénio podem ser uma alternativa em relação aos 100% elétricos ou híbridos. Na verdade, quando falamos em carros “a hidrogénio”, estes, também utilizam eletricidade, mas de uma forma muito diferente.

O hidrogénio é utilizado há várias décadas em alguns veículos de combustão. Um exemplo disso são, por exemplo, alguns foguetões da NASA. Ok, não é bem um veículo como idealizamos, mas é uma mostra do potencial.

Neste momento, se considerarmos apenas os construtores que estão a produzir em grande escala, as opções são o Toyota Mirai (ver também aqui um projeto desportivo), Hyundai Nexo e o Honda Clarity. Há outros projetos na calha, em especial recentemente por parte da Audi e BMW, mas ainda nada com produção ao nível das três marcas orientais.

Algumas marcas do Grupo Stellantis, como a Citroën, Opel e Peugeot, estão também a apostar em produtos a hidrogénio.

Como funciona um carro a hidrogénio?

O hidrogénio pode ser utilizado de duas formas. Primeiro através de baterias de hidrogénio “fuel cell”. A diferença face às baterias de iões de lítio que estás habituado dos carros elétricos, é que o hidrogénio é armazenado em forma de gás, enquanto as baterias convencionais armazenam a eletricidade através de um processo químico.

O processo de transformação ou de utilização do hidrogénio em energia, liberta energia para alimentar o motor elétrico. Neste processo há uma combinação com o oxigénio que produz água e é o único elemento que é “emitido”. Na verdade, a água que sai deste processo é tão limpa que a poderás beber.

Os motores a gasolina ou gasóleo podem ser convertidos para usar hidrogénio sentido é possível utilizar o hidrogénio, neste caso pressurizado e injetado diretamente, de forma a que funcione como um regular motor de combustão interna. Mas, neste caso, apesar de serem menores do que as emitidas regularmente, existe lugar a emissões de alguns gases como NOx.

Quais as maiores vantagens e desvantagens?

A maior de todas será a ausência de emissão de gases. Alguns especialistas afirmam ainda que as baterias Fuel Cell terão um período de vida superior às de lítio, o que é outra vantagem.

O carregamento, ou, neste caso o abastecimento é também uma vantagem. Em poucos minutos é possível “atestar” um depósito de hidrogénio que depois servirá para alimentar a bateria Fuel Cell.

Conhece aqui o investimento português num comboio a hidrogénio

Por outro lado, não há praticamente infraestruturas em número suficiente. São poucos os países (essencialmente centro e norte da Europa) onde é possível ter um veículo a hidrogénio. Os carros elétricos têm a vantagem de poder ser carregados em qualquer lado (até mesmo em casa), mesmo que isso implique horas de espera.

Mas os carros a hidrogénio não têm onde abastecer. Portugal, aliás, é um dos países europeus mais atrasados nessa matéria e só tem postos industriais ou para serviços de mobilidade autárquicos.

Há ainda a questão do transporte. O hidrogénio é facilmente inflamável e toda a estrutura de transporte e armazenamento tem de ser produzida de forma a ser altamente resistente. Ou seja, não pode ir buscar hidrogénio num “jerrican” de plástico…

Por último há ainda uma questão em termos de produção. Para ser possível a transformação do hidrogénio em combustível, este processo envolve energia. Se a fonte de energia não for sustentável então temos um problema logo aí. É por isso que surge a expressão “hidrogénio verde” que tenta assegurar que o mesmo é produzido de forma sustentável e não recorrendo a combustíveis fósseis.

Então qual o futuro para os carros a hidrogénio?

O hidrogénio é, neste momento, mais caro por Kg do que gasolina por litro. Quer isto dizer que numa conta aritmética simples, se é mais caro não interessa. No entanto, é mais caro porque a procura e oferta não estão ajustadas. Só quando a produção e a rede de distribuição tiver mais otimizada é que poderá baixar de preço.

As soluções a hidrogénio terão ainda um longo caminho a percorrer, embora até na aviação já existem algumas propostas, mas a verdade é que a maioria dos construtores está a apostar tudo nos elétricos ainda que estudem outro tipo de baterias.

Há um ponto ainda a favor do hidrogénio. Resolvidas que estejam as questões de transporte e abastecimento, a verdade, é que, ao contrário do petróleo, o hidrogénio pode ser produzido praticamente por qualquer país do planeta.

Ok, terá que ter know-how, terá que ter capacidade de investimento ou apoio para concretizar a “obra”, mas, é possível ter produção desde o interior de África ao Pólo Norte… já o petróleo, e tudo o que ele permitiu desenvolver em redor, só pode ser captado em pouco mais de duas dezenas de países…

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