Nos últimos dias vários países europeus reportaram recordes de temperatura para esta altura do ano. E não, não foram recordes negativos, mas sim registos de calor em locais onde costuma nevar. As alterações climáticas são uma evidência? Há muito quem diga que sim.
Vários ativistas climáticos têm chamado a atenção para os recentes fenómenos de registos de altas temperaturas em vários pontos da Europa onde normalmente nesta altura do ano costuma existir frio e neve (vê exemplos na galeria acima com fotos registadas entre princípio de dezembro de 2022 e o dia 5 de janeiro de 2023).
Desde a Suíça à Polónia, passando pela Hungria ou Reino Unido (onde o dia 1 de janeiro de 2023 bateu o recorde desse dia) os registos de temperaturas altas tem dado que pensar aos meteorologistas.
Um exemplo veio de Budapeste, normalmente com postais repletos de neve nesta data registou uma temperatura de 19 graus Celsius no dia 1 de janeiro. De França as notícias não são mais animadoras e a noite do dia 30 para 31 bateu o recorde de temperatura dessa data (25ºC) desde que há registo.
Várias estâncias de inverno na Alemanha, Áustria e Suíça viram chegar a época de Ano Novo com temperaturas acima dos 20 graus, motivando encerramentos de estâncias de esqui por falta (ou total ausência) de neve. Na Alemanha os serviços meteorológicos não viam nada assim desde 1881, altura em que se começou a registar as temperaturas.
Enquanto os Alpes parecem manter-se na primavera, quando já estariam cobertos de branco, da Chéquia chegam imagens de árvores em flor e da Suíça em pleno inverno alertas para o surgimento de pólens no ar.
No nordeste de Espanha, junto ao País Basco, em pleno Ano Novo as pessoas que normalmente se abrigariam da chuva publicaram no Instagram imagens… a apanhar sol junto ao mar (ver na galeria acima).
Vários cientistas contactados pela Reuters nos primeiros dias de 2023 ainda não quiseram atribuir estas altas temperaturas a algum fenómeno concreto de alterações climáticas, mas vão dizendo que é bem provável que isto seja, de facto, um sinal do que o Homem anda a fazer à natureza.
*Freja Vamborg, cientista climática do Instituto Copérnico da União Europeia referiu: “os invernos na Europa estão a ficar mais quentes em virtude do aquecimento global”.
Num ano de vários episódios de temperaturas extremas (porque há que recordar que há locais onde o inverno – como nos EUA – está a ser particularmente agressivo), os cientistas acabam por concluir que há de facto ligações entre o aquecimento global e ondas de calor extremas na Europa e Índia ou inundações como recentemente no Paquistão.
As altas temperaturas fora da época, para além de complicar o dia a dia das pessoas ou trazer questões de saúde vão ter igualmente impacto nas colheitas e agricultura em geral.
E para piorar todo o cenário haverá animais que poderão morrer com o calor, outros acordam mais cedo da hibernação e outros ainda irão viver mais tempo causando um desequilíbrio de consequências imprevisíveis.
Mas há um lado maligno e ao mesmo tempo positivo neste inverno menos rigoroso. É que as temperaturas amenas estão a permitir a alguns países do centro da Europa que normalmente consumiam muito gás e energia para aquecer as casas nesta época, que poupem nas faturas de importação. E com isto, controlam a crise energética.
Mas a pergunta é evidente: então e se o verão de 2023 registar temperaturas recorde… baixas?