Nos últimos 50 anos, o número de populações de peixes migratórios tem descido substancialmente, algo que ameaça a segurança alimentar de milhões de pessoas e os ecossistemas críticos de água doce, refere o relatório Índice Planeta Vivo, um indicador global sobre o estado da biodiversidade.
Publicado pela organização World Fish Migration Foundation com outras entidades, como a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e a World Wide Fund for Nature (WWF), o relatório divulgado esta semana salienta que se registou um declínio de 81% das populações de peixes migradores, desde 1970.
A queda nos números é mais acentuada na América Latina (91%), Caraíbas (91%) e Europa (75%).
Este declínio alarmante dos peixes de água doce põe em risco não só a segurança alimentar e os meios de subsistência de milhões de pessoas, especialmente na Ásia, África e América Latina, como a sobrevivência de muitas outras espécies, e a saúde e resiliência dos rios, lagos e zonas húmidas.
No documento é referido que metade das ameaças aos peixes migradores está relacionada com a degradação dos habitats, incluindo a construção e barragens e de outras barreiras nos rios, e a conversão das zonas húmidas para a agricultura.
A sobre-exploração, o aumento da poluição e o agravamento dos impactos das alterações climáticas estão também a diminuir as espécies de peixes migradores.
Pelo lado positivo, um terço das espécies monitorizadas aumentou, nomeadamente por melhor gestão de recursos, recuperação de habitats e remoção de barragens. Na Europa e nos Estados Unidos já foram removidas milhares de barragens, diques, açudes e outras barreiras fluviais.