Fãs de presunto Ibérico, temos más notícias para vocês. Parece que este produto corre riscos de começar a escassear e ficar mais caro. Na origem do problema estão as alterações climáticas que estão a atrasar o crescimento do porco preto ibérico.
Com as chuvas que se fizeram sentir e com o frio excessivo que marcou o mês de janeiro, facilmente nos esquecemos dos dias quentes e da longa seca que enfrentámos em 2022, em toda a Península Ibérica.
Na Extremadura, em Espanha, a falta de precipitação e as temperaturas atipicamente altas do final do ano fizeram com que a produção de bolota, que nasce em carvalhos e sobreiros, diminuísse entre 20% e 25%. Este é o principal alimento do porco preto ibérico a partir do qual se faz o famoso presunto ibérico.
O processo para se fazer o famoso presunto da Península Ibérica começa com a engorda do porco entre outubro e março. Durante este período, identificado como “La Monetanera”, os porcos ibéricos vão comendo bolotas, ganhando em dois a três meses uma quantidade considerável de peso, indo dos 90 kg para os 140/150 kg. Depois, são abatidos para poderem dar origem ao presunto.
Mas esta temporada, os animais não tiveram acesso à quantidade de comida que precisavam. Assim, a Associação Interprofissional do Porco Ibérico (ASICI na sigla original) refere que é esperado que sejam abatidos menos 15% a 20% de porcos do que no mesmo período de 2021/2022, cita a Euronews.
Isto poderá significar que em quatro anos, podemos ter mais dificuldade em encontrar este presunto e este poderá ser bastante mais caro.
Em declarações à Euronews, o gestor da empresa Ilunion Ibéricos de Azuaga referiu que deverão ser abatidos menos 2 a 3 mil porcos esta temporada.
Outro problema que o setor começa a enfrentar é o custo elevado de produção. Alguns agricultores começaram a aumentar a quantidade de terra que usam ou optaram por diminuir o número de porcos que estão a criar para fazer face à questão, mas desta forma também acabam por diminuir os seus lucros.