Energia

Combustíveis verdes: encher o depósito poderá custar mais de 200€

Insistência do chanceler alemão em vender veículos a combustão pode ser um desastre económico e ambiental
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Atestar combustível (foto: ASphotofamily/Freepik)
Atestar combustível (foto: ASphotofamily/Freepik)

Parece impossível, mas ameaça ser verdade. No futuro, os condutores alemães poderão ter de gastar mais de 200 euros para encher o depósito dos seus automóveis com motor de combustão. A razão? O apoio do chanceler Olaf Scholz aos combustíveis verdes. E fora da Alemanha? Ainda não se sabe.

A União Europeia pretende que a partir de 2035 sejam vendidos apenas veículos zero emissões em todos os estados-membros, mas o chanceler alemão parece ter outra ideia em mente. Olaf Scholz pretende que novos veículos com motor de combustão possam ser vendidos após essa data, desde que preparados para receber combustíveis sintéticos.

A questão é que os custos de produção desses combustíveis sintéticos para já são muito elevados, pelo que no momento em que chegam às estações de serviço (provavelmente) só poderão ser utilizados pelos condutores mais abastados.

Porsche - AWAY
Analistas dizem que combustíveis sintéticos só para veículos desportivos (foto: Azerbeijan Stockers/Freepik)

Quem o afirma são os analistas da organização não-governamental Transport & Environment (T&E) que chegam mesmo a referir que, em última análise, os “e-fuels” não serão mais do que uma solução de nicho para os condutores da Porsche, o que, na sua opinião, subverte todo o princípio da descarbonização nos transportes.

Novas pesquisas efetuadas pela T&E mostram que por volta de 2030, em média, serão necessários 210€ para encher um depósito com combustível sintético na Alemanha, o que pode levar alguns condutores que tenham comprado carros com motores certificados para o usar a optarem antes por gasolina tradicional.

Perante as evidências, os especialistas da T&E não têm dúvida em afirmar que a insistência de Scholz em manter os motores de combustão após 2035 traria consequências muito negativas para os consumidores, mas também para o ambiente.

Não só esse prolongamento implicaria um corte significativo nas vendas de veículos elétricos zero emissões (46 milhões de unidades até 2050), como faria aumentar exponencialmente as emissões de dióxido de carbono e o consumo de combustíveis fósseis, sublinha a T&E.

Automóveis - AWAY
Alemanha insiste nos carros com motor de combustão (foto: D. Sannikova/ Pexels)

A ONG acredita que caso os combustíveis sintéticos sejam usados em automóveis novos para lá de 2030, os veículos já em circulação queimariam 135 mil milhões de litros adicionais de gasolina e emitiriam mais 320 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (Mt CO2e) até 2050, comparativamente a disponibilizar os “e-fuels” apenas para a frota existente.

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