Carro elétrico é mais ecológico e sustentável do que os veículos de combustão? Ou apenas assim é considerado por ter motorização elétrica que lhe permite circular sem emissões? Então e no processo de produção? O que é feito para assegurar que também aí se caminha para um processo o mais ecológico possível?
A convite da BMW visitámos a fábrica de Munique que celebra em 2022 o seu centenário e fomos descobrir 5 coisas que já estão a contribuir para assegurar maior sustentabilidade na produção automóvel.
A fábrica de Munique nasceu em 1922 e cumpre em 2022 o seu centenário. Nasceu como fábrica de motores, em1952 passou a produzir automóveis e produz, cinco modelos, cerca de 40 mil veículos elétricos, entre eles o 100% elétrico BMW i4.
Atualmente a fábrica possui mais de 7 mil funcionários oriundos de 50 países diferentes e produz um carro novo a cada 65 segundos (cerca de 900 carros por dia).
1. O que está a ser feito na linha de montagem?
Em 3 anos os responsáveis da BMW reduziram 26% da energia necessária à construção de um modelo. Até 2025 querem passar a emitir 220 Kg de Co2 e até 2030 pretendem reduzir 80% das emissões de CO2 ou seja emitir apenas 80 kg de Co2 por carro
Um exemplo: os processos de prensagem das partes utilizam um sistema de recuperação de calor que poupa 250 MW por ano.
2. O que acontece à água consumida na produção
Quando se fala de poupança energética devia-se pensar sempre em juntar também o consumo ou desperdício de água. Muitas empresas ignoram esta necessidade, talvez pela fatura representar um valor inferior à eletricidade.
Em Munique instalaram um sistema de reaproveitamento de águas que permite poupar 30 mil metros cúbicos de água por ano e utilizam um poço raso próprio que fornece 50% das necessidades.
Na pintura reduziu-se 24% do consumo de água entre 2016 e 2019 e o objetivo é de ainda reduzir mais nos próximos anos.
3. Mesmo com as poupanças referidas é preciso eletricidade. De onde vem?
Energia verde. Desde 2020 toda a fábrica trabalha apenas com eletricidade de fontes 100% renováveis (solar, eólica, biomassa, geotermal) e desde então já poupou a emissão de 68 mil toneladas de CO2
Em Munique a principal fonte é hidroelétrica o que assegura a fonte limpa. Beneficia da proximidade dos rios Lech e Isar.
A fábrica tem painéis solares na cobertura e na fachada que contribuem para o abastecimento da fábrica e para a comunidade envolvente.
4. O que está a ser feito em termos de reaproveitamento de energia?
Um dos destaques em Munique vai para a secção de pintura. Há novos processos e está em estudo utilização de tintas cada vez mais sustentáveis.
Na pintura utilizam combustão de hidrogénio no processo de secagem. Ou seja, o calor é gerado por hidrogénio ao invés de gás natural (que é uma fonte fóssil) poupando 51 GW de energia e a emissão de 463 toneladas de CO2
A recirculação de ar permite salvar 235 toneladas de gases nocivos à atmosfera (entre eles o CO2)
5. É possível alcançar mais poupanças?
Qualquer alteração tem sempre impacto na infraestrutura. Cada lâmpada, cada acesso, tudo pode ser melhorado em termos de eficiência.
É o caso por exemplo dos transportes e logística, que dentro da fábrica estão a ser transformados em processos ou veículos neutros em carbono ou mesmo sem emissões. Aliás é comum vermos passar veículos elétricos completamente autónomos.
À AWAY a BMW afirmou que a instalação de LED já contribuiu para poupar 10 GW em cerca de 3 anos e a colocação de sensores automáticos em zonas comuns e outras permitiu uma poupança de 2 GW.